segunda-feira, dezembro 14, 2009

Que Esperar de Mortos?


Mortos.
Caminham, seguem.
Suporto toda a gente dissonante.
Não de mim, mas da vida.
Velas e portos.
Caixão e rezas.
Oram.
Imploram.
Pedem ajuda.
Gritam o ôco, o tosco.
Avançam ao nada.
Sucumbem.
São o resto, doença e desgraça.
A escória humana.
Os porcos escravizados.
Pisam em pérolas.
Adentram às portas de ouro.
Para colher as velhas migalhas.
Sentem que algo há.
Olham desconfiados.
Mas enfiam-se em suas caldeiras de morte e de nada.
Fervem no calor avassalador da morte.
Da insanidade que prepondera contra a vida.
Levantam suas cabeças tortas.
Não ponderam.
Não pensam.
De nada mais são capazes.
Apenas de suprir a necessidade de comer, urinar e defecar.
Não sonham.
Não sabem de nada além.
Estão imersos no mundo sombrio.
De um sono vazio.
O corpo febril.
De enfermidades emocionais.
Não se percebem no mundo.
Na vida.
Na trilha da morte.
Nela, já são.
São mortos andantes.
Uns, mais mortos que outros.
Se aparentam vida abundante por meio de gravatas,
Desconfio veementemente.
São sorrisos engessados.
Expressões risonhas de medo congelado.
Rí-se para não fugir ao padrão.
Anseiam morrer.
Mas para quem acha que estes mortos não sentem dor...
Há desespero abundante.
Há sofrimento psíquico.
Juramento de dor infinito.
Ânsia de fim, Thanatos.
O deus da morte os acompanha.
Abre-se, enfim, o chão do inferno.
Saem os vampiros de vida.
Suporto-os.
Mas são inimigos adotados com todo o ardor
Do desejo de viver.
Morte aos mortos!