domingo, maio 16, 2010

Livre


Caminhou pela escuridade adentro...
Atravessou os astros, estrelas fugidias...
Não sabia que o escuro era a ponte...
A fonte de horrores intangíveis...

Distante, pôs-se a caminhar sem saber...
Caminhos de nuvens persistiu em percorrer...
Segurou-se no nada para em asas viver...
Voou... voou sem querer...

A ponte era o limite de outrora...
Agora, a vida toda ignora...
Voa...
Encontrar-se-á a águas doces de maçãs...
A águas amargas de manhãs...

O lugar apinhou-se de gente...
Gente, antes estrela reluzente...
Viram um mar a voar solto pelo ar...
O céu azul de tanta água a passear...
O lugar de nadar tornou-se um flutuar...

Mergulhou intensamente...
Nadou um tanto desajeitado...
Viu peixes e mares ao céu...
Sorriu-se de si diante de inusitado lugar...
Olhou para baixo e viu longe formigas curiosas...

Era a fonte aquele instante etéreo...
Contemplou-se no espelho d'água...
Dinamizou o coração amarrado...
Soltou-lhe as correntes e deixou avoar...
"Avoa!", gritou bem alto.

Descobriu-se, qual Alice, num sonho arredio...
Andou anos mais tarde...
Por onde mais cedo viu-se infantil...
De brinquedos e crianças...
Das virtudes e das danças...

Olhou-se na luz do agora...
Não mais fugiria do presente-instante...
Pois é ali, no insosso e melancólico...
No colorido cheiro de força e ação...
Onde tudo passa a existir...
Onde anda em passos firmes...
Seu nobre coração.

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