sexta-feira, janeiro 08, 2010

Onde Sou, Quem Estou

Desconfio dos caminhos fáceis...
Soam-me como atrativos de tolos...
Como o "pegar idiotas ambiciosos", em puro engodo.
Destruo as nobres fantasias todos os dias...
Matei todos meus deuses e heróis...
Sacrifiquei minha alma na inexistência vazia, o ôco.
Forcei até o limite e sei que ainda tem mais...
Não sei dizer "sim" quando o "não" é desafio...
E sei que dizer "não" é sempre um "sim", um breve "tchau" de dentro do navio.
Pasta a imbecilidade em largo espaço pueril...
Como burros andantes carregando o peso da subserviência...
Dos "encantos mil".
Sinto que dizer verdades é sacrificar a auto-imagem bajuladora...
O pior é que é a hipocrisia, da riqueza, geradora...
Arrependo-me de ter saído do útero da alienação.
Agora, tudo que tenho é coração rasgado...
Ao invés de "da seda, a rasgação"...
É triste, mas mais triste é o fim insosso...
Inodoro, inerte, imbecil, incapaz e indesejado.
Triste é morrer todos os dias...
Como se viver fosse a morte incessante...
Carrasco de si; a ilusão mortificante.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Se me Crio


Quando olho para ti...
Trago a fumaça do humor tardio...
Do sorriso sem graça...
Que vem e que passa...
[Como a moça de Itapoã...]

É lindo o flutuar inocente...
De ti, ó, doce e simples deusa cadente...
Que como o raio de deuses...
Em chamas transforma a sorte aparente...

O contorno imediato
Corre em torno,
Exagera e chama...
A chama ardente da destruição.
[Como o fogo do Deus Vulcano]

É certo que a dúvida
Não é certeza da qual se possa confiar...
Ou mesmo estrela iluminante e dançante do ar...
É mais do que isso, é aquilo e mais há.

Como poderias tu advinhar o que sinto por ti?
Se sempre me olhas para ver-te correr e dançar?
São olhos que brilham em lágrimas a revelar...
[Como os titânicos cegos do castelo]

Saberias, tu, o que de cá de dentro revelo?
Os sonhos de outrora, o sangue amarelo...
O ápice do nada...
[Como Sartre para si nunca guardará]

São ribeirinhos em posse e pose de si...
Eternos e ternos...
São ternos sacodidos em puro pó.
Os dedos na garganta, o nó.

Sangue se espalha...
Mas é dor e saudade...
É vida pulsando em toda a sua intensidade.
[Sem limite para si, como urbanamente, a legião fala da vida]

E eu, que, disto tudo, digo?
Digo que sei.
Que sinto o avesso de mim...
Que sou até o fim...
Sem preço.
Apego, fim ou começo...
[Como um Deus que insiste em se criar]

terça-feira, janeiro 05, 2010

Calmaria



De cá, a brisa que sopra
Vem de braço de mar,
Oceano infindo

E sopra bem devagar
São cores e traços
Nudez de tempos idos

Cá, a sorte sempre nos sorri...
Com a calmaria do mar segue,
Nos olha, acena e desvanece

Bom seria se a brisa que sopra
A sorte de ter você trouxesse

Num lapso de tempo estaríamos nós...
De frente para o mar
Preparados para sorrir, quando a uma vaga pular.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

O Sentir


Tudo que tive foi o ver de letras sem alma...
Sempre que a vejo é sempre sem notas ou sons...
Sem música ou rima, sem vida...
Mas vejo sempre que sonhar é viver, imaginar você...
Saber sem saber se o que é certo é ficar aqui sem você...
Não sei quanto tempo sem teu olhar irei viver, mas os sonhos e imagens idealizadas
De um Coração assim são o sustentáculo de toda a sorte de bons momentos...
De um Coração que sempre vibra e tange o impossível de viver o invisível.
Aceitaria, você, um presente abstrato como este?
Seria a forma mais pura de mostrar o que se sente, o sentir do poeta?
Querereria, tu, ó, amor, viver o que beira a loucura?
Iria se permitir saber sem saber?
Seria, você, a coragem arraigada ao peito que deseja...
Queima de querer, de aventurar-se?
Estaria, você, disposta a tentar insandecer?
Entendo que quase nada faz sentido, mas o sentido é assim...
O sentir.



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Fotografia de Nindy Barros