sexta-feira, abril 03, 2009

O Silêncio do Minuto...


Acabou-se.
Findou-se o fim do minuto.
Acabou de acabar a finalização...
Parou de chorar...
Parou-se de sentir...

Calou-se para sempre...
Fechou-se à negociação...
Animou-se em desanimar...
Parou de desejar...

Abafou o som com barulho...
Coloriu a vida com a tinta preta...
Fechou-se.

Aquele tic-tac, nunca mais...
Aquele reluzir de esperança...
A morte do tempo minutal...
Minotauro desse labirinto...

Decifra o indecifrável ou devoro-te!
Decifra o ininteligível...
O silêncio é eterno, quando o tempo cala...
O fim é fim parado...

Passar é mover...
Mas se eterno, é fixidez...
Morreram os atos...
Morreram os papos...
As idéias...

Morte do mar...
Da luz...
Da lua...
Morte do tempo...
Morte de si.

Silêncio de minuto...
Para não mais ser.
Para não mais desejar.
Para esculpir o nada no vazio eterno.
Na angústia sufocante.

O nada de um nada de mundo...
A redundância do mundo capital...
O ter tudo e nada ter...
A ilusão fundamental de uma Era incidental...
Midiatiatizante e alienante...

O ar...
Falta-me...
Sufoc...
...

quarta-feira, abril 01, 2009

Menino de Pé no Chão


O menino de pé no chão dançava...
Esquecia-se de si!
Ventava e com o vento estava...
Movia-se assim!

O menino de pé no chão bailava...
Cantava a doce melodia do ar...
Abria os braços e se equilibrava...
A mim encantava!

O menino era pobre, eu sei...
Mas rico de saber...
Estava nu...
Mas revestido da fé do conhecer!

Eita menino inspirador!
Supera(dor)!
Pé após pé...
Norteador...

Cabelo crespo e camiseta rasgada...
Andar firme, maleável, gingado...
O menino seguia...
E deixava em mim saudade.

Saudade de quê, se o vi somente uma vez?
Saudade da doce melodia...
Não a que ele cantava...
Mas a que sua vida ressoava.

A Resposta




Estamos aqui.
Somos desta hora.
Somos o que sentimos.
Estamos no agora.

Vamos pensar um pouco sobre nosso ser-no-mundo... Sinto que nossa sociedade, caótica por natureza, está buscando o caminho errado para lidar com a vida. Segundo Sigmund Freud, em seu "Mal Estar na Civilização", nossa civilização criou uma civilidade que ajuda a convivência, mas sempre há o que escapa... Penso que o escape não necessita ser sempre negativo, como violência, pedofilia, agressividade, etc. Podemos escapar da pressão civilizatória através da arte, do teatro, da música, da poesia. Manifestamos todos os dias o desejo de felicidade... Como? Numa mesa de bar com amigos, numa festa, numa igreja, numa religião, etc. Disto tudo, o que podemos concluir é que temos procurado "lá fora" o segredo para nosso equilíbrio. Penso que estamos errando. A felicidade não é comprada em tabletes nos supermercados, não está no que o outro faz de bom para conosco, não está em ganhar numa competição com o outro. Na verdade, está em tudo isto e não está. Está em tudo isto somente na medida em que perpassa nosso interior, nosso desejo pessoal. Nosso desejo deve sempre estar evidente nossas ações, ou estaremos fadados a viver a vida do outro. Seja num relacionamento de casal, seja no trabalho, nos estudos... Parece-me que o equilibrio se trata de algo pessoal, intransferível, indissociável, assim como a felicidade. Entretanto, como ela, o equilíbrio de um pode influir no equilíbrio do outro, ou pelo menos na equilibração (longe do conceito de Piaget...). Agora, a questão toda está na pergunta certa que devemos fazer a nós mesmos, aquela que dará conta de nosso desejo, de nosso ser, de nosso existir... A resposta? Bem, essa é de si para si.

Abraço a todos e a todas.

domingo, março 29, 2009

Inversão de Valores...


Aqui, pé calejado significa "pé-rapado"...

Rico é aquele que come miseravelmente para guardar grana...

Inteligente é quem leva vantagem em tudo que faz...

Idiota é quem pensa coletivamente a ponto de fazer o outro
ser presenteado por si e por esforço próprio...

Ajudar, aqui, significa dar o peixe tratado e cozido...

Ser burro é criticar isto dizendo que tal procedimento
não dá autonomia a quem precisa...

Justiça, nestas bandas, significa vingança...

Cidadania é votar...

Arte é para ser vendida, comercializada...

Poetizar é rimar "amor" com "dor", dentre outros...

Música, por aqui, é funk, arrocha e o escambal...

Corrupção é coisa do governo, por aqui... mas
se fura fila e leva-se vantagens pequenas em tudo que se pode...

Amar é doar paciência e suportar o outro...

Coração serve apenas para infarto do miocárdio...

Cérebro, para ocupar espaço na caixa craniana...