quarta-feira, dezembro 31, 2008

O "Ano Novo"...


O que há de novo?
Outra vez?!
De novo, de novo e de novo...
O que fizeram do tempo?
Um nexo estruturado e sem sentido.
Aliás, um sentido só,
O do lucro.

O que há de novo?
Nada!
Tudo de novo!
Toda a vida...
Tida, anteriormente como infinda,
Hoje se acaba.
Mas quando era infinda?
Quando o que dividia o tempo eram as estações,
O nascer do sol e o ocaso.

E hoje, o que há de novo?
Nada resta.
Nem resto do lixo produzido pela insânia!
Nada de novo...
E de novo e de novo...
Se repetindo sem fim...
E acelera...
É o tempo.
"Que tempo?" - Perguntam os curiosos.
Respondo: "O tempo do relógio capitalista."

E com esse relógio de ouro,
O engano próprio.
O quintal apinhado de mal dizer...
A cabeça tensionada a explodir...
O coração inclinado a desfalecer...
O relógio que mede é o mesmo que dá fim.
É o tic-tac mais que limitante...
O insano mais horrorizante que ajudamos a erguer.

Haverá algo novo?
Evidente que não!
Mais tempos,
Menos comida e justiça...
Quer dizer, se ficarmos na mesma de desejar
Um feliz 2009...
Como desejamos um feliz 2008...
2007...
2006...

Haverá algo novo?
Evidente que sim!
Se assim não procedermos.
Se mudarmos nossa postura.
Se vivermos de cabeça erguida,
Erigindo a muralha de uma existência com sentido.
Se vigiarmos nossos passos.
Se formos éticos.
Se respeitarmos o outro.
Se respeitarmos nossa casa, a Terra.
Se aceitarmos nossos erros para, assim, convertê-los em acertos.
Se dermos o braço a torcer, aceitando a força da razão.
Se decidirmos pela força da lógica, não da emoção.
Se ao invés de culpar o outro, pôrmos a mão na massa.
Se ao invés de se sentir inútil,
Inventarmos formas criativas de lidar com a realidade.
Se ao invés de levantar os olhos clamando às estrelas,
Os levantar para ver que o céu é o limite de nosso potencial.
Se ao invés de dobrar os joelhos,
Erguer-nos com a fé em si e no humano.
Se crermos que podemos ser melhores,
Pois assim acreditaremos que o outro também o pode.
Se entendermos que é na relação com o outro,
Incluindo aqueles desvalorizados pela sociedade,
Que se constrói a realidade.

Haverá algo novo?
Difícil?
Minha dúvida é saber se você acredita.
Farei o que a mim concerne.
Farás tua parte?
Então, que o 2009 esteja nas tuas mãos!

terça-feira, dezembro 30, 2008

Um Orgulho Crescente...


Hoje em Buerarema, Bahia, cidade onde passo a maior parte de meu tempo, aconteceu mais uma movimentação da população. Mais uma mobilização por que a primeira foi a quebra de quatro ônibus da empresa Rota Transportes que além de manter um monopólio nessa sub-região, estava a oferecer um péssimo serviço. E o movimento deu certo!
Hoje, desde as 7:00h, que ocorre uma movimentação intensa devido a suspeitas de corrupção, uma vez que os cargos altos da prefeitura foram acusados de estar em posse de levas de dinheiro público em maletas. O povo se indignou! E que ótimo, quando nos permitimos indignar-se diante de atrocidades como estas. Bem, o carro de um dos ocupantes de alto cargo foi apedrejado, riscado com pregos e, praticamente, inutilizado pelo povo revoltoso com o descumprimento de uma obrigação por parte da prefeitura, o pagamento dos salários e décimo terceiros, todos atrasados, o que em suma fechou a movimentação em torno das 16:00h. Fica meu agradecimento por esta iniciativa e atitude para forçar a resolução de questões importantes à comunidade. É o povo em favor do povo! Quem mais seria?

Humanidade

O que procuramos?
Que há entre as torturas do dia-a-dia, que nos atrai?
Nos trai e nos motiva...
Antes, havia uma sala num canto do castelo...
Evoluímos, criamos as mesmas em cadeias...
Hoje, há uma exatamente na tua sala de estar...
Que representa a sala de torturas.
O que há de tão atraente nesse caos insignificante?
Porque, essa crise de percepção?
Não dá para entender que há muito mais morte na TV?
Não compreendemos que estamos nos solapando o direito de viver?
Há diferenças entre o antes e o hoje?
Dizem a mim, os defensores da Igreja, que na Inquisição
Predominava uma arcaísmo de concepções...
E hoje, o que há?


Estamos deglutindo, dia após dia,
Um sadomasoquismo sem igual...
E, me parece, poucos desejam regurgitá-lo!
Caminhamos, a passos largos, para o abismo!
Como disse um poeta, "lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são".
Forçarei, aqui, o teu ver:
A condição de vida humana atual é, sem dúvidas, insana.
"Mas por que afirmas isto?" - perguntariam a mim.
Ora, permanecemos na frente da TV nos anestesiando contra coisas como esta aí de baixo...


Será que há muita diferença entre estes humanos em situação extrema
E os humanos que eram torturados na Idade Média?
Será que se trata de evolução do conhecimento...?
Ou seria algo mais para o autoconhecimento?
... sérias dúvidas emanam de mim...
São dívidas vívidas...
Fugidias...
Perfídia.


A Caneta e sua Metáfora



Conheci, hoje, no trabalho, um senhor chamado Antônio que me falou algo muito legal. Disse que possui 88 anos de idade (mas confesso que imaginei que se tratava de alguém de uns 52 anos...!) e trabalhou pesadamente durante vida, continuando na labuta ainda hoje numa rocinha perto de Ilhéus, Bahia. Eu conversava com ele acerca de um dos filhos dele que estuda na escola onde trabalho e do por quê de esse aluno (que considero um ótimo aluno, ou melhor, um estudante) estar se transferindo para outra instituição de ensino. Ele recordava que este, era o filho que mais se dedicava ao estudo... Conversa vai, conversa vem e o senhor de 88 anos soltou uma convicção que me admirou, vindo de alguém com baixíssima instrução: "O que vale, hoje, é a caneta!". Foi interessante ver naqueles olhos a esperança de que uma boa instrução é uma arma que dá possibilidades de melhor viver, de melhor condição de emprego. Sei que isto não sairá de minha mente... O que vale, hoje, é a caneta!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

E Bunda tem Carreira?


Essa foi ótima! Estava eu a buscar novidades na net quando ouvi, da TV ligada na sala, que a Mulher Moranguinho estava "investindo em sua carreira"... Corri à sala, quando me deparei com uma morena que nada dizia, mas que rebolava como em ato sexual, vestida com um um shortinho que somente servia para desenhar a vulva repartida da mesma. Muito bom, devo admitir! Mas permanece minha dúvida, quem é a dona da carreira?

P.S.: Eu também não sabia que esta aí estava substituindo a da melancia: mais uma importante informação da TV...

sábado, dezembro 27, 2008

A Vida em Doses Cabais


Todo amor tem sua dose de ilusão.
Todo trabalho tem sua dose de escravidão.
Todo dizer tem sua dose de narcisismo.
Todo responder tem sua dose de auto-comiseração.
Todo olhar tem sua dose de prazer.
Toda revolta tem sua dose de insânia.
Toda amizade tem sua dose de si-mesmo.
Todo chorar tem sua dose de desespero.
Todo desesperar-se tem sua dose de vazio.
Todo sorrir tem sua dose de verdade própria.
Toda criatividade tem sua dose de fuga.
Toda poesia tem sua dose de nada.
E todo nada é refúgio e esconderijo do tudo.
Todo poemizar tem sua dose de fingimento.
("O poeta é um fingidor"...)
Toda filantropia tem sua dose de egoísmo.
Toda bondade tem sua dose de enganação.
Toda verdade tem sua dose de mentira.
Toda utilidade tem sua dose do que é vão.
Todo novo tem sua dose do velho.
Toda dor tem sua dose de auto tapeação.
Todo sentimento, enfim, tem sua dose de um oposto.
...
Mas o que é o oposto?
...

terça-feira, dezembro 23, 2008

Papa é Homófobo!



O papa diz que a humanidade deve conter o comportamento homoafetivo por que este contraria o propósito da criação! Eu estaria rindo agora, se isto não fosse o ápice da insanidade de alguém com a influência como a do papa. A Igreja Católica, representada por este humano, deve repensar sinceramente as questões que envolvem o ser humano. O papa escolheu "contrariar" a natureza, como ele o chama, ao não se envolver com mulheres em caráter sexual, mas quer que outros não contrariem a "natureza"... Não sei o que ele entende por Natureza, mas minha humilde opinião é de que se trata de um sistema, que em sua complexidade permite homossexualidade e até abstenção sexual, como no caso do autor da infâmia falada em público, o representante da Igreja Católica. Horrível discurso, esse, do senhor papa! Se ele tivesse dignidade e manifestasse um verdadeiro respeito à humanidade, apoiaria a liberdade de escolha, apoiaria o uso de preservativo nos atos sexuais e deixaria dessa hipocrisia insossa que só convence aos fanáticos.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Vamos falar de outras espécies!



Eis aí um retrato do que a espécie inferior é capaz de fazer! Vocês devem concordar comigo... Somente um cérebro pequeno teria a capacidade de ser tão... tão... assim. Essa coisa de pintar cabelo e ouvir aquelas músicas (músicas?) pesadas, onde o cara só faz gritar... Cérebros pequeníssimos! Com uma massa encefálica desta densidade, esse cara aí só pode ser roqueiro, ateu, e deve ter ideias idiotas que o fazem criticar prefeitos, presidentes e discutir política. Como dizem por aí, política, futebol e religião não se discute. Mais um intratável que não consegue se socializar. Critica tudo e todos. Manda todo mundo "se fuder" e para a "casa do caralho"! Gosta de ficar repetindo que se nós nos juntásemos a vida seria melhor... um idiota mesmo! Quem acredita nesse monte de baboseiras de que o mundo pode mudar? Nascemos pobres e assim vamos morrer. Só quem tem sorte pode ter uma vida melhor nesse mundo. E tem mais, isso só acontece por que Deus permite, pois não cai uma folha sem o consentimento do Senhor! Eu hein! Um idiota aí... Tenho pena deste tipo de espécie!

Qual o plural de "fé"?




Nossa! A gente acha tanta coisa interessante nos cafundós do mundo! Bem, aproveito este espaço para propagandear para você um servicinho de premêra qualidade! Quarqué coisa, fala com nóise! Nóis divuga, nóis sabe! Ô intão, você liga praí, presse númuro que aparece na tua tela...

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Você é bom? Responda esta!



Olhe nestes olhos e responde p'ra mim o seguinte:
Assitir novela e futebol é bem mais confortável, não acha?
Agora, durma com um barulho destes!

Tá na hora!



Estou farto de mais-ou-menos! Farto do pensar pequeno! Farto da sacanagem que nos impelimos a nós próprios! Farto, farto e farto! Estou muito cheio dessa brincadeira que virou a educação! Aliás, se realmente fosse composta de brincadeira não seria essa vergonha! E que tenhamos vergonha dessa merda que tem melado nossa inteligência! Que porcaria insana é esta que nosso povo tem perpetuado? Que idiotia é essa de achar que quem muito estuda, endoida?! Que injúria é esta que as Universidades e Faculdades têm feito aos discentes impondo um sistema "decoreba" de ser para passar nas provas e que em nada contribui para o avanço do pensar? Que tipo de docentes que temos desde a infância! Começamos com uns que nada entendem da importância do brincar na constituição do conhecimento infantil... No próximo momento, enfrentamos docentes de saco cheio de dar aula (quem agüenta ganhar uma miséria para dar conta de trabalho sobre-humano, inclusive levando o mesmo para dar conta em casa?). Então, quando entramos numa faculdade e imaginamos que um fazer científico estará presente, damos de cara com um bando de poços do conhecimento, mas que são uma gota de sabedoria! Sabem muito, mas não fazem ciência, não sabem fazê-la, não sabem como acontece... E nós? Ora, com o perdão da palavra, nos fudemos!!! Totalmente! Aí, caímos na rua, no mundo do trabalho e... Bem, continuamos a reproduzir comportamentos que idiotizam o outro e a nós mesmos. Exemplo: Saímos de uma faculdade, mas continuamos a achar que "Arrocha" é algo "legal". E justificamos dizendo: "mas só escuto quando estou bebendo com os amigos"... Sem comentário. Outra, nos apegamos às fontes de explicações mágicas como se elas dessem conta da complexidade do mundo... E olhe que já vi este tipo de explicação em doutores (pasmem!). Pior, ouvi isto de docentes de Filosofia! A esta altura das coisas começo a achar que realmente os doendes fazem chover e há fadas morando nos jardins... Não sei para que servem se sabemos que chove por que há saturação da atmosfera... Mas sigamos. Vou por outro caminho, mais difícil, mas prazeroso. Vejo meus alunos (8ª série) de Filosofia pensarem e até me deixarem no aperto com perguntas inquietantes. Parabenizo-os por que avançaram! E essas cabeças que habitam as faculdades, o que fazem se não conseguem elaborar um único questionar?

sábado, dezembro 13, 2008

Incrível: A Terra está Ficando Quadrada!


No início era o sublime...
As eras foram avançando...
E...
Já era!
Evoluimos para o nada...
Avançamos para trás...
Cérebros quadrados...
Mentes quadradas...
Terra quadrada...
E...
"Cada um no seu quadrado"...
Quer mais?!
Igreja Quadrangular...
Chips quadrados...
Cérebros numa máquina...
E o homem pode tudo!
E pode nada!
Poda tudo.
Acaba e destrói...
Com a fauna e flora?
Que nada, isso é o mínimo!
Acaba com a magia de ser um humano!
Pois bem, quadrademos tudo!
Transformemos em geometria nossa mente!
Matemos e esfaqueemos o que há de bom!
Assassínio em massa!
Da massa para a massa!
Avancemos em direção ao caos!
Queimemos nossa chance de ser melhores!
Acabemos com o resquício de inteligência!
Aniquilemos a força outrora forte!
Pisemos no pescoço do caído!
Ateemos fogo nas casas!
Continuemos a matar por 0,50 centavos!
E vamos mais...
Exterminemos os animais de forma cruel,
Pois eles não sentem dor!
Matemos homossexuais,
Pois a verdade deles é a nossa verdade que temos medo!
Discriminemos pela cor da pele,
Pois essa é a característica que define um caráter!
E, afinal, negros continuam a não ter alma...
Apoiemos os homens que bate em mulheres,
Afinal, eles precisam afirmar sua masculinidade!
Quer mais?!
Tem, sim.
Continuemos a clamar a Deus para que os males dos humanos acabe!
Já que é melhor falar com seres imaginários do que por a mão na massa!
É sempre melhor por a culpa no outro...
Mesmo que ele seja um "papai noel" que virou "papai do céu"!
Isso aí!
Vamos comemorar o natal que se aproxima comprando muito!
E tendo "pena" dos pobres coitados que não têm condições de ser consumistas...
É mesmo uma pena não está inserido na ilusão insana do poder tudo...
E bola p'ra frente!
E por falar em bola, assistamos ao jogo na TV...
A dose de ilusão diária não precisa ser somente a novela das oito!
Apoiemos o "rouba mas faz" de um bando de filhos da puta, ladrões!
E prendamos os que ocupam terras improdutivas...
Pois o dono as comprou e os ocupantes não...
O dono...
Engraçado, dentro em pouco teremos o dono da água...
O dono do ar sem CO2...
Já que temos o dono da terra...
O dono dos alimentos...
O dono da Terra...
O dono da vida...
O dono do dinheiro.
Alguém aqui é dono de si?
Duvido que eu seja, pois ainda não pirei!
Aliás, não há essa coisa de "dono de si"...
Até os donos dos outros são presas desses outros.
Aquela história de que o senhor depende do escravo, de Hegel (ou de Rousseau?)
Bem, é isso.
Uma Terra quadrada para pessoas quadradas!

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Os Três "Des"...


Há três palavras que, para mim, possuem uma ligação intensa com uma forma louca de viver que aprendemos em nosso belo sistema de crenças coletivas: Desestruturação, desespero e desesperança. Elas se relacionam da seguinte forma:
1°) Acreditamos que podemos muito (falo de muito mesmo... além do que realmente podemos). Vivemos uma auto-suficiência que nos faz acreditar que não necessitamos do outro;
2°) Vamos seguindo nossa vidinha em diante, lutamos e conquistamos (o que reforça esta idéia);
3°) Começam a aparecer evidências de que não podemos tudo, mas rejeitamos falando "se eu pude no passado, posso hoje.";
4°) Outras evidências aparecem e nos põem contra a parede. Começamos a perder chão;
5°) Quando o chão nos sai de vez...

Sentimo-nos desestruturados... Isto nos leva ao desespero, pois nunca tinham nos ensinado a confiar no outro para resolver questões. E, por fim, entramos num pessimismo insalubre perdendo a esperança, achamo-nos em desesperança. E tudo isto, pelo fato de que não aprendemos a confiar no outro.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Obrigado por Tudo!


Agradeço, profundamente (vale dizer)...
Sei que até posso ser rechaçado...
Mas e daí?
Agradeço aos idiotas,
Por que sem eles minha inteligência não seria vista...
Agradeço aos hipócritas,
Sem eles, a quem eu iria criticar?
Agradeço aos crentes de qualquer espécie,
Pois eles são os escravos dos descrentes...
Agradeço aos ladrões e assassinos,
Uma vez que sem eles nossa sociedade não teria de quem se vingar...
Agradeço aos políticos demagogos,
pois, sem eles, eu não poderia escrever poemas de ódio a psicopatas da lei...
Agradeço aos religiosos,
pois são eles que fomentam as guerras em qualquer tempo...
Agradeço aos capitalistas,
Por que eles selecionam a-naturalmente o tipo de raça humana que se deseja...
Agradeço aos pobres,
Pois, sem eles, como eu poderia almejar enriquecer?
Agradeço aos professores,
Pois eles ajudam na domesticação de todo um país...
Agradeço aos profissionais da saúde,
Já que são eles que mantém nossa existência insana neste mundo insosso...
Agradeço aos pessimistas todos,
Pois eles me fazem ter cautela em meus passos...
Agradeço aos otimistas de plantão,
Uma vez que se trata de quem quebra a cara para me servir de experiência...
Agradeço, por fim, a Deus,
Por ter insistido em se manter vivo todos esses longos anos,
Mesmo após sua morte (ainda que em pedaços)!

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Poesia e Morte



Sinto a dor do morrer...
O sofrer...
A morte!
O fim e o começo...
A sorte que a todos abarca...
Do começo ao fim...
Triste fim esse de morrer!
(Você também acha?)
Pobre de mim...
Que morre a cada dia...
Que sofre a cada milésimo de segundo...
A cada minuto qualquer...
Quando se morre um dos nossos...
(E isso me aconteceu a pouco tempo...)
Sentimos um sabor amargo debaixo da língua...
Um hálito estranho dentro de si...
Que exala um cheiro...
(Cada um decide por si de qual se trata...)
Um cheiro de dor...
Estou inerme...
Sem tato...
Sem som...
Não mais cheiro...
Não mais ouvir...
Não mais o rir...
A morte é o sinônimo de existir...
O poema é sinônimo de viver...
Viver é poemizar o caos interno...
O cais enfermo...
O desespero...
E desesperança...
Uma criança que chora...
Dentro de cada um...
A infância perdida...
A vida sem fim...
Sem sim...
Sem não...
Assim...
Sempre...
Até a pouco...
(Quando um dos meus se foi...)

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Ignorância Alimenta Ignorância...


Como disse Carl Sagan, "a ignorância alimenta ignorância". Lembrei-me, agora, do livro O Mundo de Sofia... A jovem Sofia aprendeu muito, e eu, com ela. Aprendi que a indagação de uma criança é o princípio de um cientista. Mas os adultos fazem o favor de podar isto! Como? Se irritando com a pergunta, sendo indiferente... E a criança entende que perguntar é algo ruim. Afinal, os adultos, incluindo meu papai e minha mamãe, se sentem mal com as perguntas que faço. Quando o indivíduo cresce, o que encontra? Levanta a mão para dirigir uma pergunta ao explanador da noite e uma multidão de olhares se voltam para ele com a dúvida estampada na testa: "Qual a pergunta que ele ou ela vai fazer? Será uma idiotice?". Mas esses são exatamente os que não têm a mínima idéia do por que que a Terra é redonda, ou o que é um sonho, ou ainda pior, "odeiam" matemática! Acreditam que a Física, Filosofia, Química, etc., são "para doidos"! São os idiotas de carterinha e se orgulham disto. Não desejam sair do lodo! Acreditam que aparecemos na Terra por mágica de um Deus! E... "plim, plim"! Está tudo certo, tudo explicado! Já que as coisas são frutos de mágica, então nem preciso ficar quebrando a cabeça, e quem estuda é o idiota, pois não precisamos estudar! Deus explica tudo!!! Vou rir para não chorar com o futuro de nosso País que considera educação como segundo plano e de nós, idiotas de verdade, por que tolhemos a dúvida como burrice, e podamos o perguntar com se fosse menos-saber e consideramos o dicionário o "pai dos burros"! Sorte para esta nação!

terça-feira, dezembro 02, 2008

Pôr-do-Sol Dedicado...

O poeta e a poeta...
Contemplam, distantes, o mesmo Sol...
Indêntico pôr-do-Sol.
Consternado, recordo, com o passar das cores,
A distância...
Sofro, por um momento,
A angústia que aperta o peito...
Ela...
Tão perto e tão longe...
Está aqui e lá...
Ali...
Mas sei, este pôr-do-Sol...
Este pôr...
Poema...
Dedicado...
A faz sorrir...
Simples sorrir, eu sei.
Mas profundo sentir...
E ela recorda, também...
De um passado profundo em si...
Deslizam as idéias
E a conduzem a belas imagens...
Palavras, miragens...
Encanta-se.
São as cores...
As flores do entardecer...
O brilho antecipando o alvorecer...
Introduzindo o anoitecer...
O meio-tempo eterno...
É o meio para se chegar a si...
Vejo a ela e ela, a mim...
A poeta e o poeta,
Contemplam, enfim.

C's




Cobro colo...
Cobre cobre-me...
Constante corte...
Consoante chôro...
Claro clarão coberto...
Cínica crença como começo...
Cínica cobra cobra cobre...
Cobrindo comprido colar...
Com cabeça cindida...
Cheira canto...
Cantina colegial...
Corpo coberto...
Chamas cálidas...
Celeiro, capim, curió...
Canto!

Cochicho coisas coracionadas...
Combato, colido contra cenas...
Camas, casal, costas...
Cobertor...
Coito!

Comento cortes comigo...
Como comichão:
C, c, c...

Cheio...
"Cabou."

quarta-feira, novembro 26, 2008

Portões da Alma




A luz que emana vem das profundezas insondáveis...
Portões de ferro rangem ao serem arrastados...
Cordas ensopadas de um líquido viscoso dão suporte ao abrir dos portões...
Sai, da escuridão sem fim, um imenso recanto...
Um campo imenso que diz de mim a força...
Que exala o cheiro suave da verdade...

As flores estão vivas...
A dor é resquício que deixa traços...
O chão está molhado. A chuva ensopou-o...
Um gélido toque da natureza lembra-me do fim...
Os passos largos da pressa nada fazem para demonstrar o erro...
A grama pisada é quem o mostra...
A leveza de um passo pode mais em seus efeitos...

Os defeitos são torpes...
Meras iniqüidades...
Pequenas falhas insólitas que nunca poderão se apoderar de mim...
A brisa fria sobre as pairagens lembram-me do movimento...
Triste insânia do sofrimento...
Porém, tranqüila descoberta do si-mesmo...

O Sol desponta em seus raios lúgubres do inverno...
Deixo a alma estendida sobre os campos a fim de captar o olhar...
O olhar infindo da estrela maior...
Que seca as lágrimas...
O toque é transversal, abissal...
Perpassa a alma insípida...

Corro por entre meus campos...
É como passear por si mesmo...
Ver sair de si o bem pior...
O mal melhor...

Olho, ao longe, os pesados portões de ferro...
Corro em direção aos mesmos...
Dá medo... acelera o coração...
Quanto mais perto, mais afeto...
Mais certo, mais mim-mesmo...

Adentro.
Está escuro...

terça-feira, novembro 25, 2008

Bela Baiana!


Descobri agora (como pode?) que a data de hoje, 25 de novembro, é dia da Baiana do Acarajé! Eita! Muito bom. Essas mulheres fortes e que fazem de pessoas, como eu, muito felizes ao deliciar-se com um belíssimo acarajé merecem uma homenagem.

Assim nos fala Jorge Comancheiro:
"A origem das baianas remonta ao período da Colônia, quando as negras de ganho percorriam as ruas da cidade com tabuleiros equilibrados sobre a cabeça vendendo comida. No tabuleiro, estavam as iguarias dos orixás, acarajé, vatapá, abará, que as filhas de santo comercializavam como obrigação do Candomblé. Só as iniciadas podiam vender o acarajé. Para isso vestiam bata e saia rendada brancas, colocavam o torso, o pano da costa, as pulseiras, balangandãs e colares na cor do seu orixá."

Deixo um poeminha homenageando as Baianas!!!

Bela Baiana

A bela baiana que tece caminhos de sabor...
De minha boca emana a saliva desejosa da pimenta negra-cor...
É o acarajé, baianidade e negritude...
É minha branquitude que se mistura em gesto e cor...
É minha vida que demonstra que com a baiana,
A vida tem mais sabor.

Do Começo ao Começo



[...
Há...
Letras...
Palavras...
E aquele jeito...
Aquele jeito de chegar...
Aquela forma de ser que cresce...
Vai ganhando espaço na tela, na poesia...
Mas vai decrescendo para caber...
Bem aqui, dentro do peito...
De uma forma calma...
Mas lembra mais...
Lembra cheiro...
Beijo e suor...
Pele...
Só?
Há...
Mais...
Mas 'tá longe...
Distante de mim...
Mato Grosso do Sul...
Cabelos encaracolados...
Não a minha inspiração que dista...
Mas aquela que inspira e me ajuda a poetizar...
Que está longe, mas um tanto perto...
Que se aproxima pelas palavras...
E me aproxima pelos versos...
Por aqueles verbos soltos...
São os cabelos soltos...
Adjetivos outros...
É a base neste...
Substrato...
O nome...
Eis aí...
...]

domingo, novembro 23, 2008

Breve Descrição de uma Mente em Surto Diante da Aberração que a Realidade Impõe


A respiração é ofegante. Os olhos estão avermelhados. Gotículas de suor se amontoam sobre sua testa. Outras, escorrem e se encaminham por sobre o seu nariz, despencando e caindo ao chão logo em seguida. O peito se expande e comprime num ritmo acelerado, a respiração é ofegante. Cada palavra do oponente se choca contra uma barreira invisível... a audição somente escuta o que vem de dentro. Os olhos captam uma gesticulação vociferante do outro. Cada abrir de boca é apenas uma imagem... mais uma, somente. Os seus músculos contraem-se, veias aparecem estufando-se, o tronco encurvado e as artérias que sobressaem no pescoço dão seu ar da graça. O vento parou. Nada mais existe, a não ser ele e seu oponente. As narinas expandidas permitem uma maior oxigenação cardiovascular, o que permite a maior concentração de energia que será utilizada a qualquer momento. Ele fixa seu alvo. É grande seu oponente... A respiração fica cada vez mais ofegante... Os pés se direcionam e começam por levantar o calcanhar, centímetro por centímetro os pés caminham... Os músculos das coxas se contraem, a respiração é intermitente... Nas mãos... garrafas... de polietileno... garrafas pet cheias de um líquido avermelhado... Ele caminha e adentra no veículo, um ônibus comercial. Em sua mente, as imagens que lhe vêem são de seus filhos chorando de fome... Sem perceber, o assoalho do ônibus já está ensopando da gasolina que cai de duas garrafas de 2L... A multidão ao redor do ônibus grita, com paus e pedras nas mãos, "Vai, Zé! Rápido!!!" Ele olha para fora por entre as janelas de vidro, olha para o assoalho ensopado e sai correndo, saindo do ônibus... Retira, cuidadosamente um esqueiro vermelho, acende-o e joga para dentro do veículo... O fogo de alastra sinfonicamente, gradativamente e toma conta de todo o interior o veículo. A multidão se afasta correndo e ele permanece parado, contemplando a arte acontecendo naquele instante... Agora, o fogo se alastra por sobre a lataria do ônibus. Ele se afasta sem dar as costas à obra, se afasta com um sorriso no canto da boca, o sorriso de quem vence a batalha... De súbito, o veículo explode causando um imenso barulho e subindo alguns metros do chão. A multidão explode também, mas gritando, com euforia uma infinitude de sons. A turba está satisfeita.

sábado, novembro 22, 2008

Narrativa Instrumental



A indiferença de um é a força do outro...
A força do outro é o arrependimento de um...
O arrependimento de um é remorso do outro...
O remorso do outro é lágrima de um...
A lágrima de um é o repensar do outro...
O repensar do outro é o reconhecer-que-ama de um...
O reconhecer-que-ama de um é o amar do outro...
O amar do outro é o repensar de um...
O repensar de um é a indiferença do outro...
A indiferença do outro é a dor de um...
A dor de um é a vontade de dar colo do outro...
A vontade dar colo do outro é o desejo-de-ter-amor de um...
O desejo-de-ter-amor de um é desejo-de-ser-amado do outro...
O desejo-de-ser-amado do outro é o desejo-de-ser-amado dos dois...
É o desejo dos dois...
É o desejo...

Como pode um erro tão grosseiro?




Esta foi uma propaganda enviada ao meu email... Eita ato falho belo! "As festas estão 'JEGANDO' " Vem de jegue mesmo, galera!

sexta-feira, novembro 21, 2008

Papa perdoa John Lennon (?!)



Esta foi a notícia mais estranha que ouvi nos últimos tempos... O senhor Papa perdoou (?) John Lennon por ele ter falado algo relativo à fama dos Beatles ser superior à de Jesus muitos anos atrás. Mas o que existe de tão estranho nisto? Respondo: o fato de John Lennon estar morto há não sei quantos anos! Ora, se o Beatle não pediu perdão em vida, certamente o Papa deve ter ido a uma sessão espírita com a finalidade de "ouvir" John Lennon perdir o tal perdão. Estranho... Muito estranho!

quarta-feira, novembro 19, 2008

Dia da Consciência Negra!


Amanhã, dia 20 de novembro, é dia da Consciência Negra! Comemoremos essa movimentação importante à nossa convivência social, ao rumo de nossas vidas, ao objetivo de nosso país. Esta sim é uma data de alto valor para o indivíduo e para a socialização. Como refletiu uma colega minha, Maria Domingas, faço-os refletir também:

Olhe para estas flores...

Você tem facilidade de dizer qual delas é mais bela?

Agora olhe para estes animais...

Responda: Qual destes é mais belo?


Tenho outra questão: Qual destes indivíduos é mais belo?


O Índio?




O Negro?



O Branco?



Agora, para finalizar, onde você aprendeu a admirar animais diferentes e flores diferentes, por que não aprendeu a admirar etnias diferentes?

sábado, novembro 15, 2008

E Proclamaram a República...



Êba!
É festa!
Todos devem comemorar!
Vamos festejar!
Agora o Brasil não mais irá precisar vender gente!
Agora sim os negros possuirão alma!
"Mas calma, não é disso que se trata..."
Espancaram a cara da burguesia!
Eita mania de se divertir que os humanos possuem!
Eita fome de nada!
De nada...
Da monarquia, pulamos para a...
Hipocrisia!
Ops!
Errei, ela sempre existiu...
Veja como rimam...
Monarquia... hipocrisia...
E a república?
Eis aí!
Preciso falar?
Vou rir...
Para, assim, os olhos fecharem
E a lágrima não precisar cair...

quinta-feira, novembro 13, 2008

Ocaso


Depois da tarde, o ocaso...
O pôr-do-sol aquiescente...
E nem disfarça, passa...
E a farsa?
É falsa!

Anda descalça...
É a beleza ininterrupta...
A grandeza incorrupta...
Eterna.... plena...
Salvando a cena.

É a flor...
O sentir...
Não mais dor...
Aquiescência...
Há mais amor...

Depois da arte, o ousar-se...
Superar-se...
O som do sol ao pôr-se...
Música musicando...
O sentindo...
Sentido retilíneo...

terça-feira, novembro 11, 2008

A Inércia


Uma questão me angustia neste estado de coisas desse estado da Bahia... melhor, deste Sul da Bahia. Vejo os ônibus lotados, os salários atrasados, as aulas mal pagas, mal dadas e maldadas... Vejo o calor insuportável e pessoas outras queimando matas; vejo as baronesas tomarem conta dos rios e a falta d'água começar a preocupar. Vejo políticos corruptos discursarem cinicamente, canalhamente para enganar aqueles que tiveram aulas mal dadas e maldadas... E eles falam de melhoria da educação e sustentabilidade, mas estão recebendo a grana dos comerciantes ilegais de madeira... E fazem as leis, para as descumprirem... falam de justiça, mas desviam verbas que acabam por matar de fome todo um povo, sem um ovo na panela. Mas qual a questão que me angustia? É esta: Como um povo pode continuar se conformando diante de tais atrocidades?!

sábado, novembro 08, 2008

Tirinhas...




























Hummm... Como a TV é legal!

Site Malvados.com.br

quinta-feira, novembro 06, 2008

A Presteza



Ainda ouço os sons daquelas palavras...
Ainda, a dor da lavra...
Das larvas...
Enervas, energia e enojo!

Olhar para o outro e apontar é fácil...
Despontar de si para si é que é difícil...
Edifício auspicioso...
"Perigoso", por vezes pensamos.

Gostamos da massagem no ego...
Como a massa, já falada aqui...
É uma traça que destrói livros raros...
Livros caros que liquidam-se

É esta poesia que nada fala...
Para os ouvidos doentes...
Para corpos doentes...
Olhos doentes..
Surto!

Rio...
Sorrio...
Como o rio...
A corrente de águas
A torrente que deságua e sacode

Explode...
Implodo...
Presteza...
Destreza...
Coopero...
Espero...

A impensável beleza!
A doce voz...
Abarca...
Acaba...
Aca..
Ba!

quarta-feira, novembro 05, 2008

Águas Revoltas



Hoje o mar em mim se agita...
Vem, lá, uma tempestade infinda...
Ontem, a arte se realizou em mim...
Hoje, vejo o caos tomando conta...

Um ódio imenso a tudo que respira
Manifesta-se...
No que chamam de cultura,
Chamo de massa!
De manobra!

Dizem que "arrocha" é música...
Me parece mais uma pedra...
No sapato...
De quem está anestesiado
E não a percebe!

Dizem que há arte entre a massa...
Há desordem programada...
Pela novela de mais cedo...
Pelo nada que aniquila...
Pela dose de medo introjetado!

Dizem que aquilo é cultura...
Entendo cultura como virtude do espírito humano...
Em que mente sã "arrocha" é virtude?
Em que aquilo é alcançar altura?

Esta insanidade é desejo de morte!
"Faustão" aos domingos é incentivo para suicídio!
"Arrocha" é ritual do vício...
É dança de acasalamento!
É volta ao primitivismo!

"Gugu" aos domingos é vontade de nada ser!
Novelas na "Globo" é desejo de morrer!
Sumir do mapa!
Por que a vida é dura demais...
Para estas almas desajeitadas!
Para estas fezes ambulantes!
Para estes corpos insandecidos!

Não há mais o brilho de ser o que se é...
Não há mais a atitude de segurar-se em si...
Deus morreu e muitos se apegam aos restos mortais do tal...
Matamos, todos...
E os fracos se apóiam nesse vazio de existência...

A arte há de prevalecer...
O som do mar deve nos nortear...
A poesia há de se eternizar...
Ou nossa alma vira poesia,
Ou morreremos afixiados
Pelo gás que exala dos corpos em putrefação...

segunda-feira, novembro 03, 2008

A Arte pela Arte sobressaiu!

O Teatro Mágico
Novidades sem fim têm chegado a mim. Conheci uma linda garota que me surpreendeu. Ela me apresentou um grupo musical chamado O Teatro Mágico (clique aqui para baixar). Aconselho que aqueles que ainda não o conhece e que aprecia boa música que trata a arte como sublimidade do espírito humano, conheça. Vai uma mostra da capacidade poética desta turma!
Criador
Antes que o tempo,
a Clave de Fá, Dó, Si, Lá, Sóis
Antes da noite, uma tarde
Pra cada um de nós
Antes do barco, a chuva
Antes da roda, o frio
Antes do vinho, a uva
E a fruta que não caiu
Antes do homem, o medo
Antes do medo, amor
Antes do amor, a dúvida
Pois nem Deus sabe quem me criou
Fez Madalena e os campos
O vento pra nos soprar
Disse na língua dos anjos
Sentido de ser estar
Fez dessa Terra um cenário
Pras peças que nos pregaram
Fez bico de pena em diário
Pra escrevermos a regra exceção
Criou o perdão e o pecado
Criou a dor e o prazer
Criamos o certo e o errado
E o orgulho pra nos esconder
Daquilo que somos nós...
Aquilo que fomos,
aquilo que somos nós
E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo na semana que vem
E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo na semana que vem
Na semana que vem
Antes que o tempo, a clave
Sustenidos e bemóis
Antes do inteiro, a metade
Uma outra parte de nós
Antes do vôo, o tombo luta pra não chorar
Antes tarde do que nunca, pra nunca mais demorar
Pra dilatarmos a alma temos que nos desfazer
Para nos tornarmos imortais, a gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que somos nós...
E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo na semana que vem
E tudo que eu criar pra mim
Vai me abraçar de novo na semana que vem
Na semana que vem
Antes que o tempo acabe...

domingo, novembro 02, 2008

Uma Criança


Sinto-me assim...
E ela vê...
É uma criança presa...
Uma presa da ânsia...
Uma vontade amarga de voltar...
Um amar que volta...

Da janela, eu olho aquela face...
Entre grades, já, nela, meus olhos estão...
Desde grande aprendi a ver...
Aquele verde dos olhos dela...
Que consomem o mar de mim...

Sinto a sobra da ansiedade...
À sombra, sobriedade...
Sobre aquela velha idade...
Que, de tenra, vinha ser cidade...
Vingou a necessidade...
Sociedade!

Saciedade a dois!
Sacio a idade que erra desde longe...
O desejo desde mim que desce do monte...
Sócio do ócio sem-fim...
Começo a falar de mim...
Como lar de... alarde insano...

In sana e tarde...
Depois de sangue esparramar...
Como a rama, amar...
No mar em chamas...
Chama a mim...
Ó, deusa!

Derrama e chama...
Que em força d'alma
Me dou... dôo...
A alma..
E acalma...
Enfim...
O mar em mim...


sexta-feira, outubro 31, 2008

O Jogo


A vida tem sido um jogo...
Estratégias...
Tragicomédias...
Imediatas]

A vida tem sido larga...
Como uma rua...
Profunda
E profana]

A vida é ingrata...
Apaga e mata...
Marca e asfalta...
...a dor da falta]

[Viver é desenvernizar...
O verniz amorfo da ilusão...
A casta ingrata, dessacralizar...
Matar...

A Pérola...


Caros amigos e leitores, há coisas que acontecem e que não podemos perder a oportunidade de aprender um pouco mais sobre a vida... Deixa eu contextualizar a situação: há, na cidade onde moro, uma figura que trabalha com artesanato, conhecido como "Arara", uma alusão à sua arte mais vendida. Bem, acontece que este indivíduo é um "crente" daqueles que em viagem de busu se levanta, vai à frente da condução e começa pregar, ler a bíblia e tudo o mais. E foi numa dessas que ele deixou cair uma pérola inesquecível: "Se voltem para Deus, por que o mundo é uma panela e nós somos a carne!" E qual o aprendizado que podemos tirar daqui? Ora, óbvio! Juízo de gente é pouca coisa!

segunda-feira, outubro 27, 2008

Frasco Pequeno...

Todos morreremos...
Uns tentando ficar ricos para serem felizes...
Outros mantendo a riqueza para comprar a felicidade...
Mas há aqueles que não se enquadram:
Aqueles que são felizes para ficar ricos!

sexta-feira, outubro 24, 2008

Sobre o Nada



Fim de tarde indiferente veio a mim...
Com os meus olhos rasos olhei-o, enfim...
Depois de sua inércia insistente
E de bocejos ambíguos...

Perguntei ao nada indizível...
Numa expressão-de-mil-palavras...
Que nada fala, mas muito diz...
E ele entendeu-me sem nada expressar...
E me disse, sem nada pronunciar...
"Estou em ti, estou em qualquer lugar..."

E logo após, sua inércia de mim se apoderou...
E meus olhos, indiferentes ficaram...
- "Dentro de mim, o nada!" - Gritei.

E a voz do indizível expressou-se de mim...
Ganhando forma, esse nada...
Ganhei o nada, dessa forma...
E infinitos mundos criei...
Infinitos passos andei...

Ó, instante mais sublime!
Eu, de mim, me encantei...
E o tudo tomou forma...
Em todo ato que encontrei...
Estava lá, eu vi!
Espalhados pelo chão...
Qual rosas espalhadas...
Os atos de minha solidão...
Ora, foi do nada que tirei
Os atos que o tudo criou
Pois no nada, tudo tenho
Do nada, é que tudo sou...

terça-feira, outubro 21, 2008

O Botão da Televisão




Pequenino botão...
Reluzindo a nova fonte de iluminação...
Perdi-me sem saber...
Quão intenso é você...

Ó, pequeno botão!
Tão simples e risonho...
Que faz meu coração...
De triste, uma explosão!

Que rufem os tambores!
Que adentrem as bailarinas!
No palco, a estrela que ilumina!
Que revela as verdades mais confortáveis...
Que bela menina!

Eis a força da paixão!
É o botão da televisão!
Que faz ao pobre esquecer,
Que faz parte de uma exclusão...
Pois acredita ser, com o rico,
Parte de uma mesma condição...

O mecanismo insano!
A dor de um coração...
A dor que deveras sente...
Se não faz a indagação:
"Aperto ou não aperto tal botão?"

Eis o poder de um botão!
Coloniza as mentes...
Cauteriza o coração...
Entre pobres e ricos, diferenças não há mais, não!
Todos são os mesmos,
No reino da ilusão!

quinta-feira, outubro 16, 2008

Reflexão...



Às vezes penso que estou a me desviar muito do caminho humano... Isto acontece por que eu gostaria de ter uma vida melhor e penso que a forma de alcançar isto advém de uma visão coletiva da realidade, como cooperar para chegar a um mesmo fim de sucesso; mas percebo que a maioria prefere tentar conquistar sozinho. Note que falei “tentar”... Então acredito que estou certo com meu pensamento, mas errado com meu comportamento. É disto que decorre meu pensamento inicial: se sou mais um humano, devo agir como os humanos agem. Se não ajo como agem os humanos, isto me faz um inumano. Assim, vejo-me desviando do caminho que faz um humano, humano. Vejo-me caindo num poço sem fim que me distancia, dia após dia, da humanidade...

quarta-feira, outubro 08, 2008

Sinceridade...



Acabo de descobrir a origem desta palavrinha que muito pesa... pois possui um significado amplo e necessário às nossas vivências...
Conta-se que em Roma alguns daquela sociedade trabalhava na confecção de vasos. Diz-se que alguns deles conseguiam fazer vasos tão transparentes com um tipo especial de cera que os romanos se admiravam e falavam: - Que lindo, parece até que é feito sem cera! "Sine-cera"!
Isto denotava um vaso perfeito, finíssimo e delicado. Hoje, sincero é aquele que se deixa ver, que demostra seus sentimentos e pensamentos sem necessidade de embaçar o entendimento do outro para se esconder; é aquele que é franco, verdadeiro. Necessário, não?

quarta-feira, outubro 01, 2008

O olhar...




O que você faria sem o olhar do outro?
O que pensaria diante do ignoto?
Seria limitado quanto aos limites?
Seria insano diante de próprios palpites?

Há um abismo que o separa do ato...
O nome do abismo é o outro...
O peso moral que estraçalha o escopo...
A casa ideacional que limita o corpo...

O que eu seria sem o olhar do outro?
Seria a insânia ilimitada e louca?
O ilimitado injusticeiro do outro?
Daria ouvido às próprias vertiginosas viagens?

Sou a separação abismal...
O sistema colossal de uma muralha ardente em chamas...
O olhar é a barreira intransponível...
Em qual nível?

segunda-feira, setembro 29, 2008

O Poder da Fé


A primeira coisa que devemos perguntar é: A fé tem poder?
Claro que sim! Note como ela muda comportamentos e direciona-os...
A segunda é: Se ela tem poder e muda comportamentos, para que ela serve?
Ora, beneficiar!
A terceira: A quem ela beneficia?
Hummm... essa é mais difícil de responder...
Vamos lá. Poderíamos dizer que quem se beneficia é aquele que tem fé, que acredita... Mas se aprofundarmos um pouco mais a discussão, poderíamos a começar enxergar pessoas que se beneficiam das crenças dos outros. Vejamos um exemplo: acredito que presidente é alguém superior a mim. Logo, não me vejo como alguém que pode se rebelar contra os atos dele, é como se ele fosse um deus, inalcansável, inquestionável...
Mas não é justamente isto que acontece em nossa sociedade alienada?
Poderíamos mudar o título desta postagem para "O Poder Simbólico", uma vez que é isto que explica a nossa condição de vida. Não é o papel com um texto e uma assinatura que garante que algo é legítimo. O que dá essa garantia é a nossa crença de que aquilo possui o valor que dizem que tem. Mas essa crença sozinha de nada pode servir; como falei no início, essa crença deve produzir comportamentos. Preciso ter a fé de que esta crença é a verdade.