sábado, abril 11, 2009

Estou Nublado


A chuva cai lentamente...
Olho para o céu...
Um lágrima escorre...
A chuva esconde...

À tardinha, o pensamento corre...
Lembro e esqueço de tudo...
O Sol, agora, quer se pôr...
Se escondeu o dia inteiro..
Mas deseja ir-se de vez...

No céu há um risco azulado...
O pouco que resta de luz...
Estou sentado na varanda...
Crianças correm, meu mundo está vazio...

Um vento leve, leva e lava almas...
Minh'alma, ainda chorosa, geme de frio...
O Sol fica mais escondido...
Um traço de escuridão se achega...
Um laço, um perdão, um abraço que se vai...

É a sorte de quem fica...
A saudade de quem vai...
A dor, que logo habita...
Não se habitua, se refaz...

Este é o sofrer poetizado...
Meu dizer, da dor, da angústia ao meu lado...
Este é o poema sofrível...
Alargo o passo em inércia...
Meu lasso.

sexta-feira, abril 10, 2009

Em LUTO por Aline...


Hoje eu soube...
Eu sou..
Hoje morro...
Com ela me vou...

Uma aluna assassinada...
Um mundo despedaçado...
Uma família destroçada...
Paz de silêncio ensurdecedor...

Essa paz não desejo a ninguém..
Morte por conta de ilicitudes...
Ilicitudes pagas com ilicitudes...
Dezessete anos de nada...

Para o nada ela foi...
Meu mundo agora é menos-um...
Novo fazer, nova percepção, devo construir...
Caminho cambaleante pelo caos insosso...

Seria tão mais simples...
Seria tão mais humano...
Seria tão melhor...
Somente conversar...

Hoje, ajoelho diante do caos maior...
Diante do vazio sem fim...
Hoje, inquieto-me sobremaneira...
Solto um grito rouco...
Um rugido...
Do fim...
Do se...
E se...
Sim.

Não!
Não aceito!
Inaceitável, isto!
Imprudente forma de ver...
Inconseqüente forma de ser aqui...
A eterna, informe, forma humana de agir...

quinta-feira, abril 09, 2009

Ai, ai... minha baianidade se aflora...


Confesso, amigos e amigas deste pequeno blog, que sempre que entramos em períodos tradicionais, como essa "Semana Santa", sinto ainda mais o amor que tenho pela Bahia. Sinto-me baiano no sentido mais profundo do adjetivo... no sentimento de ser guerreiro, mesmo quando poderes econômicos e políticos desejam que eu seja engolido e não avance em meus objetivos. Mas, além das picuinhas que politiqueiros insistem em fazer, cá estou eu, respirando o cheiro do dendê, deliciando-me com comidas sem igual, tocando pandeiro e jogando capoeira. Minha Bahia! Ah, àqueles e àquelas que desconhecem este prato aí de cima, esta é nossa tradicional Moqueca de Peixe... deliciem-se também.

Abraço.

domingo, abril 05, 2009

Amo-te


Amor não morre...
Não se mata...
Ele pode anoitecer, só...
Podem anoitecê-lo, apenas.

Amar não é querer para si...
Não significa tomar o outro...
Nada tem a ver com posse...
Deixa voar.

Amar é o Sol...
A luz que queima...
Arrepia e dói, quando em excesso...
Fecha acesso, assim.

Amar aquela pequena é assim...
Aquela forma de ver o mundo...
Aquele mundo que se deixa ver...
Haver, rever, deixar ir...

Amá-la é querer ouvir o som...
A música perfeita...
É sentir a inexorabilidade do ser...
Do poder ser o que se é...

Amar é apostar...
É sair do tom e revelar harmonia...
É aproveitar o vento e sair a voar...
"É sentir que nada pode acabar"...

Amar...
E isso me era estranho...
Era-me ôco...
Sem sentido...

Menos sentido faz agora...
Pois quando o encontrei,
Não posso vivê-lo, sentí-lo...
É um amor que não pode ser vivido.

Rasga e estraçalha...
Submete-me ao caos...
Que, em sua ordem, espalha...
Os cacos que sobraram do que resta de um ser...
Que carrega sua própria tralha...

Amo-te de um amor...
De amor que é fogo, mas não mata...
Não dói, se sente...
Só dói e mata quando se recente da falta...
Quando adentra a mata da imaginação...

Amo-te assim...
Simplesmente um sim...
O gosto de erva verde...
Chuva no mato...
Sol sobre a plantação...