terça-feira, março 30, 2010

De Assalto...


Não sei como se deu, foi chegando sutilmente,
Atraiu-me intensamente, com o poder de algo seu...

Não sei como se foi, foi saindo lentamente,
Agarrou-me seriamente com um olhar de brilho incandescente...

Quem sabe fosse a lua, ou quiçá fosse ela...
Se era minha ou se era tua, qual mistério a revela?

Qual força de brilho intenso, a sorte que hoje penso
Acompanha a graça de descobrir logo em ti, a resposta do fundo de mim...

Eu que jamais subestimei um desejo, mesmo quando a vontade era reticente
E até o silêncio era quase eloqüente, não deixava de imprimir um cortejo...

Jamais neguei a mim mesmo o jorrar de anseio que de dentro me vinha...
Nunca me permiti saltar de mim para fora... Nunca fugí-me de mim de pára-quedas...

Mas lembro-me de quando fiz do futuro horizonte perto...
E esqueci por alguns instantes de regar o momento...
Cultivando memórias que não me diziam ao certo,
Se tudo que eu plantei era frutos de pensamentos...

Seria insônia... Insânia... Infâmia... O caos aqui de dentro?
Haverei de regar-me à vida, ao mal, à liberdade e a tudo que julgam certo procedimento?
Inventei, agora, um dizer, uma palavra, um sentimento...

Um lamento profundo oriundo de minh'alma
Que pulsa no mais hostil estardalhaço
E eu palhaço que sou da fúria e calma
A cada espetáculo com meu oráculo me refaço...

A cada fúria, dada a penúria de ser o que eu acho...
Encaixo, a mim em minha mentira...
Afasto o espetáculo... Palhaço em aço me revelo...
Desfaço o novelo, mostro unhas e dentes... Enceno-me...

Aceno-te com mãos acanhadas e trôpegas
Tropeço em pensamentos e caio na real
E penso comigo se a coragem em que projeto abrigo
É a válvula de escape que me escapa no final...

Atropelo.
Apelo para um aconchego do indizível...
Rastreio sensações insanas e desapegos...
Meu abrigo que projeto é a coragem do desabrigo...

Digo.
Desligo a tomada do medo do trivial...
Transformo em moléculas de virtudes os átomos de meus vícios...
E desfiguro a aparência dessa minha figura...

Incendeio a auto-imagem decaída...
Brinco com fogo, qual criança a se masturbar...
Que se descobre matando a moral insossa dessa gente...
Dessa morte eloqüente que insiste em se manifestar...

Apago o fogo desse meu mar vermelho
Atravesso o oceano que vai dar na obscuridade
E vou despindo a moral que insiste em não morrer
Mas que se apavora diante de toda sobriedade...

É assim...
Cheguei mais perto de mim quando mais longe olhei...
Atravessei o oceano... A obscuridade é a luz...
A moral, a morte...

E a verdade? Quem sabe esteja para os mortos...
Que apesar da alma desvanecida pelo vazio
Sonham com a esperança de um dia retornar
Para o mundo que dilacerou sua matéria viva...

Esqueceram-se, de um dia, considerarem-se vivos...
E, na morte, morreram-se todos...
Agora, intentam voltar para ter o inalcançável...
Sonham, mortos, com a vida que nunca tiveram...

Mas eu, o que poderei contra esse poderio?
Vou atacando essa alienação com olhos de lança,
Antes, me implodo, e então, mostro meu engodo...
Arrasto para mim os seres e coisas que me são imprescindíveis...

Ataco com a agressividade do servo em poderio do senhor...
Puxo de mim para fora o que nunca houvera antes...
Deixo adiante de mim a força como instrumento de batalha...
Seduzo a voz inebriante do calor e da raiva oprimidas

E por fim, chego ao instante de voltar-me para o exórdio...
Ocupando cada lacuna que um mero desejo me fez abrir...
Depois de saber que todo o fim deixa um resquício que principia...
E que me faz descortinar outros caminhos que jamais pensei existir.

___________
Poema escrito por mim e o amigo de codinome Heitor Idílio, aquele que tem a Alma de Poeta.

domingo, março 28, 2010

Um Café?


Há frio...
Ventos leves...
Chuva rala...
Aperto no peito...
Distância dolorida...
Vivência não vivida...
Saudade do porvir...
Contos leves...
Tua voz ao meu ouvido...
Ela me garante que espera...
Gostamos de pensar que estou a fazer uma viagem qualquer...
E nos falamos ao telefone...
Escutamos qualquer música careta...
Assistimos a um filme qualquer...
E enquanto a chuva cai...
Nos falamos à distância...
Esse ser que nos oprime e arranca lágrimas de mim...
Mas estamos tão próximos, é certo...
Que há pouco nos oferecemos carinho...
Cafuné, deitar no colo, dormir coladinho...
Oferecemos o comum de casa...
Quer um café?