sexta-feira, outubro 24, 2008

Sobre o Nada



Fim de tarde indiferente veio a mim...
Com os meus olhos rasos olhei-o, enfim...
Depois de sua inércia insistente
E de bocejos ambíguos...

Perguntei ao nada indizível...
Numa expressão-de-mil-palavras...
Que nada fala, mas muito diz...
E ele entendeu-me sem nada expressar...
E me disse, sem nada pronunciar...
"Estou em ti, estou em qualquer lugar..."

E logo após, sua inércia de mim se apoderou...
E meus olhos, indiferentes ficaram...
- "Dentro de mim, o nada!" - Gritei.

E a voz do indizível expressou-se de mim...
Ganhando forma, esse nada...
Ganhei o nada, dessa forma...
E infinitos mundos criei...
Infinitos passos andei...

Ó, instante mais sublime!
Eu, de mim, me encantei...
E o tudo tomou forma...
Em todo ato que encontrei...
Estava lá, eu vi!
Espalhados pelo chão...
Qual rosas espalhadas...
Os atos de minha solidão...
Ora, foi do nada que tirei
Os atos que o tudo criou
Pois no nada, tudo tenho
Do nada, é que tudo sou...

terça-feira, outubro 21, 2008

O Botão da Televisão




Pequenino botão...
Reluzindo a nova fonte de iluminação...
Perdi-me sem saber...
Quão intenso é você...

Ó, pequeno botão!
Tão simples e risonho...
Que faz meu coração...
De triste, uma explosão!

Que rufem os tambores!
Que adentrem as bailarinas!
No palco, a estrela que ilumina!
Que revela as verdades mais confortáveis...
Que bela menina!

Eis a força da paixão!
É o botão da televisão!
Que faz ao pobre esquecer,
Que faz parte de uma exclusão...
Pois acredita ser, com o rico,
Parte de uma mesma condição...

O mecanismo insano!
A dor de um coração...
A dor que deveras sente...
Se não faz a indagação:
"Aperto ou não aperto tal botão?"

Eis o poder de um botão!
Coloniza as mentes...
Cauteriza o coração...
Entre pobres e ricos, diferenças não há mais, não!
Todos são os mesmos,
No reino da ilusão!