Fim de tarde indiferente veio a mim...
Com os meus olhos rasos olhei-o, enfim...
Depois de sua inércia insistente
E de bocejos ambíguos...
Perguntei ao nada indizível...
Numa expressão-de-mil-palavras...
Que nada fala, mas muito diz...
E ele entendeu-me sem nada expressar...
E me disse, sem nada pronunciar...
"Estou em ti, estou em qualquer lugar..."
E logo após, sua inércia de mim se apoderou...
E meus olhos, indiferentes ficaram...
- "Dentro de mim, o nada!" - Gritei.
E a voz do indizível expressou-se de mim...
Ganhando forma, esse nada...
Ganhei o nada, dessa forma...
E infinitos mundos criei...
Infinitos passos andei...
Ó, instante mais sublime!
Eu, de mim, me encantei...
E o tudo tomou forma...
Em todo ato que encontrei...
Estava lá, eu vi!
Espalhados pelo chão...
Qual rosas espalhadas...
Os atos de minha solidão...
Ora, foi do nada que tirei
Os atos que o tudo criou
Pois no nada, tudo tenho
Do nada, é que tudo sou...