sexta-feira, fevereiro 19, 2010

O Elefante


Ele é infante, ainda chora...
Sente falta, agoniza, implora...
Se debate e intenta fugir...
Mas há correntes...
Ligadas a um peso sem fim.

Tão pequeno, crer-se tão capaz...
Usa força, puxa e ao chão jaz...
Não! É só um descanso...
Tão forte ele é, insiste...
Persiste o pequeno elefante...

Depois de água e comidas...
Rações, para ser mais exato...
Ele olha ao chão...
Correntes aos pés...
Detido, um coração...

É jovem, agora...
Sábio tornou-se...
Correntes são fortes...
Prenderam uma alma...
Quem é capaz?

Adulto, olha ao público...
Diverte e se sente atração...
Olha a corrente aos pés e sente-se na razão...
Eu o olho e pergunto: "como pode, então?"
Antes, peso insondável...
Hoje, pino de construção!

O grande elefante perdeu-se em solidão...
Em coração vazio...
Em correntes inquebráveis...
Em pinos com peso do medo e da servidão...
Quem diria, tão grande, por que não?!
Correntes tão finas...
Mas há peso no coração!

É na alma do elefante que habitam as correntes...
Os pesos inabaláveis...
As crenças insondáveis...
A incapacidade impingida sem dó...

O elefante é infante em sua alma...
É gigante, mas pequeno e incapaz...
Aqui jaz, um elefante enfurecido...
Lá, morreu, a liberdade e o ser capaz...
Aqui, a diversão insandecida...
De humanos... outros animais.


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Aproveito este pequeno espaço para dizer que sou totalmente contra circos e/ou estabelecimentos que se utilizam de animais para divertir o público pagão, pagante, como queiram...

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