A liberdade constitui-se como um passo sobre o vazio. É a possibilidade de voar, ainda que com medo; é contar os dias para sair da prisão, mas ter medo de viver sem as grades, que aparentemente nos dava segurança. É, pois, por uma via de auto-superação, de consideração dos próprios limites para subir os degraus, de enfrentamento da dor, que se voa para a liberdade. É como sair da casca do ovo que outrora aconchegava e fazia-nos sentir seguros, numa proteção ilusória. É encarar os fatos mais duros da vida e sentir a dor lancinante de admitir as verdades mais incômodas sobre si mesmo. Entretanto, é sentir o mais puro prazer de saber que é capaz, a vontade de poder nietzschiana, o sentimento de conhecer as próprias potencialidades de mudar aquilo que muito entendem como imutáveis. Liberdade é viver de verdade. E viver dói.
Ato: o ver.
Há 11 anos
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