domingo, abril 05, 2009

Amo-te


Amor não morre...
Não se mata...
Ele pode anoitecer, só...
Podem anoitecê-lo, apenas.

Amar não é querer para si...
Não significa tomar o outro...
Nada tem a ver com posse...
Deixa voar.

Amar é o Sol...
A luz que queima...
Arrepia e dói, quando em excesso...
Fecha acesso, assim.

Amar aquela pequena é assim...
Aquela forma de ver o mundo...
Aquele mundo que se deixa ver...
Haver, rever, deixar ir...

Amá-la é querer ouvir o som...
A música perfeita...
É sentir a inexorabilidade do ser...
Do poder ser o que se é...

Amar é apostar...
É sair do tom e revelar harmonia...
É aproveitar o vento e sair a voar...
"É sentir que nada pode acabar"...

Amar...
E isso me era estranho...
Era-me ôco...
Sem sentido...

Menos sentido faz agora...
Pois quando o encontrei,
Não posso vivê-lo, sentí-lo...
É um amor que não pode ser vivido.

Rasga e estraçalha...
Submete-me ao caos...
Que, em sua ordem, espalha...
Os cacos que sobraram do que resta de um ser...
Que carrega sua própria tralha...

Amo-te de um amor...
De amor que é fogo, mas não mata...
Não dói, se sente...
Só dói e mata quando se recente da falta...
Quando adentra a mata da imaginação...

Amo-te assim...
Simplesmente um sim...
O gosto de erva verde...
Chuva no mato...
Sol sobre a plantação...

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