sábado, janeiro 24, 2009

Corpoema Musicado...


Minha pele tamboreou para ti...
Minhas costas arranhadas emitiam sons agudos e leves...
Me tinha por instrumento musical.

Tocava-me e fazia as cordas vocais ressoarem gemidos...
Olhava-me e meus pêlos eriçavam...
Uma gota de suor, entrecortando os pêlos, caía ao chão...
Chacoalhando sons doces...
E ardentes...
Tinha-me por instrumento musical.

Minha barba, por fazer, roçava tua nuca...
Sons leves e ritmados...
A música estava no ar...
A ponta de minha língua tocava a tua orelha...
Barba e língua pareavam um som quente...
Tinha-me por maestro.

Agora, eu, tocava teu corpo...
Tão quente que melhor fora eu ser cauteloso...
Mas aquele violão ansiava por ser tocado...
E minhas mãos passeavam...
Sem medo, por sobre as curvas do teu corpo nu...
Tinha-me por maestro.

Enchemo-nos papéis trocados...
Ambos, agora, eram intrumento e maestro...
Tocávamos, uníssono, a mesma música...
Nossas vozes, em gemidos, se cruzavam...
Era o som intenso e suave...
Qual a doce flauta a ressoar...
E em movimentos como o trompete de vara...
Éramos a música em corpo...
E alma.

Um comentário:

Anônimo disse...

o canto do ato.. e o cantar dos atores.
sinfonia única e permanentemente individual.
ato de dois... música vinda de um.
fusão de dois corpos... o amar de duas almas.

[delicioso de se ler]