domingo, abril 10, 2011

Cansei


É isso.
Cansei.
Estou cansado de tuas mentiras...
Cansado de teus "não posso"...
Cansado do teu não dito...
Cansei.
Cansei de teus olhos escorregadios...
De tuas palavras vazias...
De teus medos não confessados...
Cansei.
Cansei de servir sem ser visto..
Cansei de sorrir sem um outro sorriso...
De em servileza ser vil...
Cansei.
Para mim, agora é respirar...
Construir e reformar...
Deixar fluir...
Isto não é para mim...
Você não me merece...
Cansei.
Agora, vou deixar morrer...
Que morra esse sentimento que nunca existiu...
Mas que pensou em nascer...
Que morra, enfim, esse ser...
Cansei de você.

domingo, março 13, 2011

Depois de Você



Eu voei alto, depois de você...
A vida passou a ser vista de outro modo...
Passei a viver de outro modo...
Voei e me orgulho disto...
Acho que você também deve se orgulhar...
Voei alto e até me acostumei a ver o mundo pequenino, lá embaixo...
Ver pessoas correndo sem se entender...
Como formigas perdidas...
Depois de você eu me encontrei no ar...
Ganhei asas.
Estou aqui, do alto, agora, escrevendo isto...
E sabe de uma coisa? Daqui consigo ver o teu olhar...
Do ar, às vezes sinto um cheirinho de terra molhada...
E dá saudade de pisar no chão de novo...
Dá um aperto no coração ao lembrar que tentamos fazer tudo um algo novo...
Lembro com clareza excepcional um certo olhar teu para o nada...
Aquele nada que só nós dois sabemos...
Sei lá o que me dá...
Digo que é amor...
Você diz que amor não há...
E eu volto a voar...
Encontrei asas belas voando ao meu lado...
Seriam perfeitas, se não fossem depois de você...
A chuva que cai agora me lembra você...
Deu saudade intensa de um tempo p'ra cá...
É como se depois do osso tivéssemos esquecido...
Esquecido da parte mais suculenta e prazerosa de um jantar...
Bem, que o tempo continue sendo o mestre desse meu coração vazio...
Que me prega peças ao me fazer lembrar do teu olhar...
Dos teus cabelos misturados ao meu suor...
Do teu sorriso e até de tuas lágrimas...
Vou voar, mas um dia sei que terei que pousar...

sexta-feira, março 11, 2011

A Guia



Que a poesia te guie...
Que, como águia, te voe...
Como água te chova...
Que te ampare como um conselho de amor...
Que a poesia faça de ti um ser sincero em si...
Um ser que quero assim...
Cheio de amor por si...
Cheiro de flor, enfim...

Que a poesia, meu bem, te abasteça...
Que aquela dor se torne em riso...
Que o olhar indeciso se torne aprendizado preciso...
Acerca de como melhor sorrir sem perder o siso...
Que as palavras penetrem ao ser...
Voem, nadem, sussurrem vozes de carinho...
Aconchego daquele jeitinho...
Tal qual um beijo de passarinho...

Eu sei, Maria, é difícil...
Mas olhe para ti, és, já, poesia, menina!
És poetiza da flor, das palavras, das letras...
Olha só que coisa foi acontecer...
Quando do nada advém um ato...
Insano, não cordato...
Ativa-me esta poesia...
Que é para ti.

Que a poesia te guie, águia.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Non Sense



Um cara...
Sentado quase ao chão...
Maltrapilho e lendo Lenin...
Em plena praça de alimentação...
No shopping, o templo capitalista da iluminação!

Um cara...
Um livro...
Um livre...

O rasgo, o mal-cheiro e olhares inquietos a aguardar...
Aguardam a velha atuação de limpeza da imundície grosseira...
A verdade batendo à face.

Insuportavelmente, a verdade!
Nua, crua...
Um cara, um livro, um livre.

Aquele que catava o lixo...
Em meio ao luxo...
De olhos imundos...
Olhares sujos que enlameiam tudo o que vêem.

O lixo em luxo travestido...
O luxo em lixo observado...
Maltrapilho e leitor do revolucionário...
Revolução dos sentidos.

Ataque das nádegas em status de cérebro...
De lordes em ataques desesperados...
Ao desafio, do tosco, que é lançado...
Do que não se aprende com a tv.

Assustaram-se, os guardas, quando o maltrapilho virou a página...
Foram em direção, conduzindo o lixo para fora do paraíso...
E olhares do luxo oco entrecruzavam-se...
Mas nunca olhavam nos olhos maltrapilhos e audaciosos da nova percepção...

Foi-se embora o provocante e amedrontador...
Aquele que com o livro na mão, escrevia a verdade que nem se deu conta...
Saiu e prosseguiu em sua introspecção...
Sentou-se num outro canto qualquer...
De marcador em punho para fazer crescer sua liberdade sem barulho.

segunda-feira, novembro 01, 2010

D'um Mar...

 
Amar é estar preso à liberdade de prender-se a alguém que nos deixa livres...
Porque, se preso e parados estamos, cedo morreremos...
O vôo só pode ser efetuado em espaço aberto...
E amar é semelhante a voar...
Difere-se apenas num ponto só, pois amar é a dois...
Como um voar de mãos dadas...

Em pleno abismo cair...
Sentindo o livre cair...
O livre ser, de um ser em si para o outro...
Amar é estar livre em prisão solta do coração de outro alguém...
Quando o coração próprio apropria-se do voar...

As asas são o vento...
Os olhos, a apreensão...
A vontade de ter...
De ser, enfim...

Amar...
É mar em sua imensidão...
É ar, é luz, é vôo na escuridão...
Donde a confiança se torna parca iluminação...
Que cresce quanto mais se avança...
Quanto mais se vai, mais força alcança...

É crer-se resignação...
Que faz o bem querer por pura vontade...
Puro desejo de bem querer...
De bem sentir...
De ser-se para alguém...
O amor.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Cavaleiro de Guerra



Sob o Sol ardente...
A poeira incandescente...
Sopra o vento da luta e batalha...
São eloquentes tempos de guerra...
Abasteçam os olhares em sangue e carnificina!
Banhem-se das cores mortas e sangue vivo!

As trompas e trompetes se acordaram...
Definiram-se para reluzir o brilho prateado das espadas...
A respiração ofegante ante o caos de vento e poeira...
Os olhares da dama preferida que o acalma...
E o sorriso doce daquela que ele ama...

Correm os guerreiros em face da morte...
Agitam-se as arenas de vozes e trovões...
Há raios que cobrem os ares quando as espadas se cruzam...

Uma voz...
Apenas uma voz...
Naquele turbilhão de insanidade acalorada...
Fez-se ouvir pelo cavaleiro de guerra...
Aquela voz...
Doce...
Delicada...

A força se duplicou naquela fisiologia, já, de guerra...
A respiração e a postura que se vê são a vitória adiantada...
Quando em verdade, em riste, está a espada...

Agarra os sons e os olhares...
Daquele que luta por um amor...
Tem sangue, tem guerra, tem luta, tem suor cavalgando em um coração...
Arranca da alma o valor da indignação...
Pois amar é doar, é ser tudo para si e, de si, tudo para quem se ama...

Vê, pois, a sorte que se assujeita...
Volta e preenche o amante lutador...
De força, espada e agressão...
Provoca morte ao opositor...

Eles lutam pela vida...
Ele luta por ela...
Ela o vê e suspira, tensa, junto ao seu lenço...
Uma lágrima lhe sobrevém ao imaginá-lo caído ao chão...
Aperta-lhe forte no peito, a angústia com sua potente mão...

Mas ele tem nos olhos o golpe sobre seu adversário...
Os dentes rangem ante a força aplicada...
Na mente, seu objetivo maior...
Viver nos braços de sua amada...

Eis o cavaleiro de guerra...
Dominado pelo doce sorriso de uma guria...
Toda aquela força agressiva...
Amaciada pelo toque sincero e meigo de uma menina...
A mulher...
Aquela que de doce força domina...
Domina o guerreiro da vida, que luta contra a morte...
Todo santo dia.

domingo, setembro 05, 2010

Egoísta




Sou muito egoísta para dividir minhas derrotas com o Diabo...
Sou insano e introspectivo ao ponto de suicidar, meu ego...
E depois fazê-lo ressuscitar em dó da perda de mim...
Meu amor por mim é paixão severa e incapaz de soltar os laços...
Nem posso chamar de amor, é dor apaixonada de um fraco por um forte em ilusão...
Nem sou eu mesmo, é só uma parte exemplar...
O exemplo que nunca deveria ser seguido...
Meu egoísmo é ismo de toda hora...
É doença capaz de capar, castrar qualquer ação vociferante...
Qualquer queixa inebriante de voz feminina que clama em chama e pega fogo...
É aquela voz que é nada, mas que se insiste em ser algo...
Sou muito egoísta para conceber deuses em meus atos...
Sou eu mesmo, de ego e de vozes esquizofrênicas em plena neurose...
Insandescências sadias em meio à psicose social...
Um igual...
Um sadio?
A igualdade da psicose social...
Não, um doente.
Isto mesmo, um doente é o que sou!
Um doente que segue; como o cordeirinho segue o seu pastor...
Isto, sigo a doença social...
As ilusões adotadas socialmente...
As religiões, as drogas, as novelas, os futebóis...
Isto mesmo! Sou mais um do mesmo...
Um igual e diferente... mas igual...
Sou isto, sou aquilo e aquiloutro acolá...
Vario, desvaneço em fuligem...
A fumaça do cachimbo...
(“liberem já!”)
Ou me arrepio em sorrisos...
(quando a novela irá começar?)
Ah, esse eu que não sou!
É parte inerente ao onde não estou...
É parte, partida, corrida...
Me despeço e vou...
Não eu, mas Eu...
Vai embora, ó insânia!
Morre, desgraçado agressor!
Fingido de uma figa!
Sou mais que a dor...
Vou voar, bater asas desse lugar...
Subir para mais alto, de onde eu possa ver...
Você, lá embaixo...
Procurando por mim...
Enfim, vou ficar mais para cá...
Deixar você seguir...
Ao nada e se desfazer...
Voltar de onde saiu...
Tomarei estas rédeas!
O sucesso é o meu lugar!
Boa sorte, em tua sorte errante para o nada voltar.

sexta-feira, setembro 03, 2010

O Retorno




Ele caminhava cabisbaixo...
Pensamentos ecoavam em sua mente...
Um beco escuro...
Silêncio, quebrado apenas pelo vento...
Que trazia de longe um jazz...
Naipes de sopro e um piano desafinado...
Estava perdido num deserto de concreto...
Imerso na noite de estrelas como teto...
Caminhava enquanto nuvens caíam aos montes...
Esbarradas num céu semicerrado...
E um chão de concreto...
A voz em sua cabeça ressoava dissonâncias...
Sua pele escorregadia, de suor e bonança...
A cachaça, pinga do bar do beco...
As risadas solitárias de bebuns enclausurados...
Os quase-nada que nadavam em si e só...
Agora, uma rala chuva o tocava...
Um ventinho soprava embora aquele calor...
Viu, ao longe, um cachorro se abrigando da chuva...
Mosquitos em volta da lâmpada indo-se...
Um taxi branco passando lentamente...
Estendeu a mão...
Foi-se, então, embora.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Em Sangue


O inferno de cada dia...
O fogo ardente de dentes a ranger...
A fúria insana que nos toma...
A foice sagrada da maldição.

Seguiu em viagem a caminhar...
Caminhos ocos experimentou...
De vida vazia e vasos sem terra a plantar...
Seguiu em viagem a marejar...

O inverno de cada noite...
Sem cobertor para acariciar...
 Os lábios malditos quisera beijar...
De mordidas sem fim, de sangue a sugar...

São insanos estes desejos vampirescos...
São o som de sonos e meros lampejos...
Da alma que acalma a cama e o carma...
Os dentes afiados a mordiscar...

Este é o passeio inodoro...
Os passos mergulhados nas travessias oceânicas...
Desse infindo mar de nadas...
E águas saguinolentas...

A foice e o destino...
A morte e o desatino...
Sarou-se em saúde mais humana...
Ao descobrir-se e banhar-se num mar de lama...

Sarou-se em si...
Descobriu-se perverso...
Um sociopata!
Aquele que está aí, aqui e acolá...
Viveu em luz, as sombras malditas...

Atravessou o céu...
Mergulhou em mar de sangue...
Banhou-se em si...
E ao inferno voltou.